Em mais de 70 cidades do mundo inteiro, dezenas de milhares de ativistas apoiados/as por figuras notáveis como Desmond Tutu, saíram às ruas para convocar os governos a financiarem o desenvolvimento sustentável e a honrarem com seus compromissos de garantir os meios necessários para que todos os países tenham seviços públicos de qualidade e combatam a evasão fiscal das grandes corporações
Essas manifestações se desenrolam no contexto da campanha global da sociedade civil para o desenvolvimento sustentável Action/2015, por conta da III Cúpula sobre o Financiamento do Desenvolvimento, realizada em Adis Abeba, de 13 a 16 de julho de 2015, e onde os chefes de Estado e os ministros das finanças estão sendo convocados para financiar nos próximos 15 anos o desenvolvimento sustentável e medidas a longo prazo de combate à mudança climática.
“Em todos os meus anos de campanha, eu jamais vi um ano tão cheio de oportunidades para garantir uma melhora na segurança, saúde e igualdade a nossas populações. Com um acordo sobre um novo tratado referente ao clima e às novas metas dentro da luta contra a pobreza, 2015 pode ser o começo de uma nova era. Não podemos deixar essa possibilidade escapar”, declarou o arcebispo emérito Desmond Tutu. E acrescentou: “Devemos unir todos os continentes, crenças e gerações para garantir que os líderes mundiais escutem nossas demandas, para que reconheçam e adotem metas ambiciosas para o nosso futuro, objetivos que tratão uma mudança positiva para todos os seres humanos de todas as partes do mundo e para o planeta em que vivemos.”
A Action/2015, uma das maiores campanhas da sociedade civil de mobilização e conscientização sobre a importância da Agenda Pós 2015, irá realizar manifestações, reuniões, assembleias públicas, entre outras ações, em mais de 70 países ao redor do mundo, incluindo quase todos os países africanos. A campanha chama os líderes dos países a repimirem a injustiça fiscal e a se engajarem em um financiamento inclusivo que crie condições para fomentar ações concretas para o desenvolvimento e combate à desigualdade.
Algumas Organizações da Sociedade Civil (OSCs) brasileiras como Abong, Rebrip, Fundação Abrinq/Save the Children, Coletivo Mangueiras e Comissão Nacional de População e Desenvolvimento compõem a delegação oficial brasileira que está a caminho de Adis Abeba para reivindicar a adoção de definições ambiciosas e de impacto concreto no desenvolvimento.
Em Nairobi, Quênia, quase 5 mil pessoas aderiram a uma manifestação na comunidade de Mathare. Na África do Sul, em Pretória, diante do ministério de Finanças, jovens vindos/as de todo o País realizaram uma manifestação contra a desigualdade econômica. Na Índia, em 15 Estados, milhares de jovens realizaram uma vasta campanha de mobilização.
Cláudio Fernandes, da Gestos/TTF/Abong declarou que o excesso de liquidez é um dos grandes problemas da economia mundial hoje. “O montante de capital especulativo fora de circulação é enorme e isso impacta a capacidade de financiamento de agendas sociais. Considerando que a implementação dos ODS [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável] deverá custar entre 6 e 7 trilhões de dólares por ano, a discussão sobre as fontes dos recursos é central”, lembrou.
É fato que esta Conferência poderia virar o jogo, mas para isso, os governos devem defender mecanismos alternativos de finciamento que impliquem na construção de um fundo para o desenvolvimento, ao mesmo tempo em que regulem as transações fianceiras, caso contrário, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável a serem acordados pela Organização das Nações Unidas (ONU) não sairão do papel. Compromissos referentes à cooperação fiscal internacional, à assistência ao desenvolvimento e às despesas direcionadas em favor particularmente dos pobres serão os desafios da Cúpula esta semana.
Outros eventos também estão planejados nos países do norte, principalmente em Nova Iorque e em Londres, onde os/as ativistas demandam que os compromissos com o desenvolvimento feitos há mais de 40 anos sejam honrados e que a evasão fiscal seja reprimida, uma vez que ela rouba, a cada ano, milhares de dólares dos países em desenvolvimento.
Campanha Action/2015
Action/2015 é um movimento cidadão com quase 2 mil organizações, redes e coalisões de 145 países unidos pela convicção de que 2015 é um ano crítico para fazer avançar a luta contra a mudança climática, contra a pobreza e contra a desigualdade. Qualquer que seja a luta contra a pobreza e as desigualdades, ou contra a mucança climática, a visão da Action/2015 visa a acelerar o progresso em 2015, no mundo inteiro, em um movimento aberto e inclusivo.
*Matéria publicada originalmente no site da Abong.