Hoje escrevemos uma triste página da história de nossa região.
Foi anunciado, após a reunião dos líderes dos blocos na cúpula do Mercosul, a aprovação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. A coletiva da representante europeia Von der Leyen resume tudo: “o acordo é uma vitória para a Europa”.
Para o Brasil, e o Mercosul como um todo, a história é diferente. As empresas transnacionais europeias vão inundar os nossos mercados com bens industrializados, de alto valor agregado, tornando inviável a competição e desincentivando qualquer projeto de reindustrialização do bloco. Serão afetados os empregos do setor, que garantem historicamente salários mais altos, principalmente para as mulheres. Também há pouca contrapartida em termos de transferência tecnológica, visto que a Europa já não é mais um polo de inovação.
O agronegócio e a mineração se fortalecerão ainda mais, justamente os setores mais danosos ao meio ambiente e que mais estão associados à violência no campo. Programas como o de Aquisição de Alimentos (PAA) e o de Alimentação Escolar (PNAE), que fortalecem a agricultura familiar e promovem o desenvolvimento das economias locais, estarão ameaçados à medida que as regras de livre comércio impedem o uso das compras públicas para investimentos estratégicos em alimentação saudável, ambiental e socialmente sustentável.
O Acordo UE-Mercosul ainda precisa ser ratificado pelos legislativos do Mercosul, pelo Conselho Europeu e também pelo Parlamento Europeu. Precisamos centrar nossa luta em 2025 para pressionar nosso legislativo e fazê-lo barrar o acordo.
Queremos um Mercosul soberano, com políticas robustas de integração e cooperação regional, desenvolvimento justo e ambientalmente sustentável, e emprego de qualidade para homens e mulheres.