Embora o Governo Bolsonaro faça permanentes juras de alinhamento diplomático e comercial aos EUA e insistentemente reforce que com isso o país ganha com a “generosidade” dos EUA, aparentemente o Governo Trump segue incluindo retaliações ao Brasil em suas manobras de protecionismo comercial. Na última segunda-feira 10/02 o governo estadunidense retirou o Brasil, junto com vários outros países (China, Argentina, Índia, África do Sul, Colômbia, Indonésia, Hong Kong, Malásia, Tailândia, Vietnã, Albânia, Armênia, Bulgária, Costa Rica, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Montenegro, Macedônia do Norte, Romênia, Cingapura, Coréia do Sul e Ucrânia), de uma lista de países em desenvolvimento, que poderiam de alguma forma obter facilidades de acesso ao mercado daquele país.

No caso do Brasil, isso fortalece a medida anteriormente exigida pelos EUA de o Brasil abrir mão de sua condição de país em desenvolvimento junto a OMC (que o governo brasileiro disse ter “trocado” pelo apoio dos EUA à entrada do Brasil na OCDE). O Brasil até aqui não conseguiu sua acessão a membro da OCDE, e a posição dos EUA tem sido ambígua a este respeito junto àquela organização.

O procedimento, administrativo e unilateral dentro dos EUA, operado pelo USTR (a agência estadunidense responsável pela regulação do comércio internacional daquele país), permite aos EUA aplicar mais barreiras comerciais a estes países.

De fato, em um momento em que o Brasil vê crescer o seu déficit em transações correntes, com saídas de capitais e redução do saldo da balança comercial, a medida tende a agravar ainda mais as dificuldades de nossas contas externas, dificultando ainda mais nossas exportações para os EUA, um importante parceiro comercial (o segundo parceiro comercial, depois da China).

Fica ainda mais evidente que as concessões diplomáticas e comerciais do Brasil aos EUA são uma via de mão única, onde não há reciprocidade por parte daquele país. Há pouco tempo o Brasil já tinha sido atingido pela restrição às exportações brasileiras de produtos siderúrgicos para os EUA.

 

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