*Por Diego Azzi, Assessor de Relações Internacionais da CUT e membro da Rebrip.
 

No jargão esportivo a expressão “correr por fora” se aplica àqueles competidores que, mesmo não estando entre os favoritos, fazem discretamente um bom trabalho e acabam por isso alcançando um êxito surpreendente. Transportada à arena política internacional, essa expressão bem poderia ser empregada ao analisarmos os BRICS.
 

Se, por um lado, estes países não podem ser considerados exatamente como os “azarões” da política internacional – pela sua grande envergadura econômica, populacional, territorial, produtiva, etc. –, tampouco figuram entre aqueles tradicionalmente apontados como favoritos antes do início da prova.  O certo é que os BRICS vêm atuando – discretamente – de forma a atingir um êxito que poderá surpreender a muitos incrédulos. A sua última Cúpula – realizada neste mês na Rússia sob o lema “Parceria dos BRICS – um poderoso fator para o desenvolvimento global” – produziu alguns importantes resultados que permitem ter uma dimensão mais clara dos avanços em curso.
 

Além da declaração política e do plano de ação, é importante destacar que pela primeira vez os BRICS adotaram o documento “Estratégia para a Parceria Econômica dos BRICS”, ou simplesmente “Estratégia dos BRICS”, de estratégia econômica de médio prazo (2015-2020), no qual se traduzem em ações concretas diversos dos conteúdos da declaração política. Além de delinear os princípios da parceria estratégia entre os BRICS, o documento estabelece oito áreas prioritárias de cooperação: a) Comércio e Investimentos; b) Manufatura e Processamento de minérios; c) Energia; d) Agricultura; e) Ciência, Tecnologia & Inovação; f) Finanças; g) Conectividade; h) Conectividade Institucional; i) Conectividade Física; j) Conectividade entre os Povos; k) Tecnologias da Informação e Comunicação.
 

As três últimas sessões da Estratégia reforçam a intenção dos BRICS em liderar as suas respectivas regiões, fortalecer o regime internacional da OMC frente a tratados feitos por fora dela, e atuar conjuntamente dentro do G20. Chama atenção a importância atribuída ao papel do setor privado em geral, e ao Conselho Empresarial dos BRICS em particular, para que se realize a estratégia proposta pelos governos.
 

Os principais temas abordados na Declaração Final dos BRICS seguem resumidos abaixo.

Os BRICS e o Multilateralismo: Logo de cara a declaração menciona que deverá haver uma maior coordenação entre os países do BRICS nos diversos fóruns multilaterais e mais posicionamentos conjuntos.
 

Novas instituições: Em seguida, menciona o fato de que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e o Acordo Contingente de Reservas (CRA), aprovados em 2014, em Fortaleza, entram agora em funcionamento de fato. No marco do Plano de Ação de Ufá, também se realizou o Fórum Financeiro dos BRICS e a reunião dos Presidentes de Bancos Centrais.
 

Influência regional: Os BRICS seguiram a tradição e também realizaram uma série de encontros paralelos com a Eurasian Economic Union e a Shangai Cooperation Organization. Houve diversos encontros bilaterais com governos principalmente da região euro-asiática, mas também de outras regiões, como o Irã, por exemplo.
 

ONU: Menção aos 70 anos das Nações Unidas e ênfase na importância do respeito ao direito internacional como elemento fundamental para promoção da paz e da segurança. A larga sessão da Declaração Final dedicada às Nações Unidas contém uma reafirmação da sua importância para a paz e a segurança no mundo e do comprometimento dos BRICS com este espaço multilateral, mas também expondo críticas, sobretudo, à falta de democratização de espaços como o Conselho de Segurança, no qual Índia, Brasil e África do Sul pedem assento permanente, contando hoje com o apoio de Rússia e China.
 

Economia Global: os governos dos BRICS alertam para o fato de que a recuperação da economia global permanece bastante lenta e os riscos de uma nova crise continuam presentes. Desacordos com relação a práticas monetárias não convencionais por parte das economias avançadas deverão ser expressos durante a próxima reunião do G20, que deverá ser presidido pela China depois da cúpula de 2015 na Turquia. Os BRICS voltam a expressar a sua profunda decepção com a falta de implementação do Pacote de Reformas do FMI, aprovado em 2010. Ainda que se faça referência aos problemas atuais na reestruturação de dívidas soberanas, não há qualquer menção específica ao caso da Grécia e as negociações com a Troika. Os BRICS decidem continuar discutindo e expandindo as possibilidades do uso de moedas nacionais nas transações intra-BRICS.
 

Comércio Global: Os governos fazem uma defesa da OMC como fórum multilateral de regulação do comércio global, que deve fornecer o quadro jurídico de referência para quaisquer acordos bilaterais, regionais ou internacionais. Há avanços na implementação de um quadro de referência para promover o e-commerce intra-BRICS. Decidiu-se pela realização de um encontro anual das Agencias de Crédito à Exportação dos cinco países.
 

Taxação: os impostos devem ser cobrados onde as atividades econômicas são realizadas e onde o valor é criado. Preocupação com o impacto que a evasão fiscal tem sobre a base tributária dos países e, em conseqüência, sobre a capacidade de provisão de serviços públicos.
 

Terrorismo: reafirmação da condenação de todas as formas de terrorismo. Defesa da ONU como o principal mecanismo de combate e prevenção do terrorismo no mundo e compromisso em continuar contribuindo financeiramente para a Força-Tarefa da ONU de Combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
 

Drogas: no ano de 2015 os BRICS realizaram duas reuniões de altas autoridades no combate às drogas. O bloco afirma que buscará convergências para a atuação na Sessão Especial da Assembléia Geral da ONU sobre o problema mundial das drogas, em 2016.
 

Corrupção: decisão de se criar um grupo de trabalho para Cooperação Anti-Corrupção entre os BRICS e defesa da atuação da Conferência de Estados Parte sobre Corrupção da ONU, de 2-6 de Novembro, em São Petersburgo.
 

Crime organizado e Pirataria naval: crime organizado deve entrar como uma das prioridades de longo prazo na agenda das Nações Unidas. Pirataria naval representa uma ameaça à segurança e ao desenvolvimento.
 

Exploração espacial: reafirmação de que a exploração espacial deve ser promovida apenas para fins pacíficos. Os BRICS deverão ampliar a sua coordenação e cooperação no desenvolvimento e aplicação de tecnologias espaciais; satélites de navegação (incluindo GLONASS e Beidou); e ciência espacial em geral.
 

Internet e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC): criação do grupo de trabalho sobre Tecnologias de Informação e Comunicação. Apoio à inclusão de temas relacionados às TICs no processo negociador da Agenda Pós-2015 e defesa de um maior acesso às TICs para empoderar mulheres e grupos mais vulneráveis na realização dos objetivos da Agenda Pós-2015. Defesa do papel das Nações Unidas na regulação da Internet, para garantir que esta seja segura, aberta, não-fragmentada e inclusiva.
 

Desastres naturais e sociais: será realizado em 2016 o primeiro encontro de chefes de agências responsáveis pela gestão de desastres, em São Petersburgo.
 

Conflitos Políticos pelo mundo: a declaração se posiciona sobre diversos conflitos da atualidade (a maioria na África), como a crise na Síria, a instabilidade crônica do Iraque, o conflito Israel-Palestina, o Oriente Médio como zona livre de armas nucleares (Israel possui). Menciona ainda Irã, Afeganistão, Ucrânia, Líbia, Sudão, Somália, Mali, Congo, Burundi, República Centro-Africana e a atuação do grupo extremista Boko Haram, principalmente na Nigéria. Não há menção a nenhum conflito ocorrendo nas Américas.
 

Industrialização e fortalecimento da economia real: os governos defendem que o desenvolvimento do setor real da economia se torna um fator particularmente relevante em tempos de sistema financeiro instável e preços voláteis das principais commodities. Medidas estão sendo tomadas para incrementar a produção e exportação de bens de consumo de alto valor agregado nos BRICS. Os países acordaram que vão estabelecer uma maior cooperação na promoção do investimento em ferrovias, estradas, portos e aeroportos.
 

Agricultura: a atuação concertada dos BRICS deverá acontecer com mais intensidade também no âmbito da FAO, através do grupo consultivo informal dos BRICS em Roma. Os governos afirmam que vão intensificar a sua cooperação na agricultura, com ênfase nas tecnologias agrícolas, na inovação e na adaptação da agricultura às mudanças climáticas. Nenhuma menção é feita ao uso de agrotóxicos ou de sementes transgênicas.
 

Energia: A segurança das instalações industriais e energéticas deverá ser o tema do encontro de chefes de agências reguladoras da segurança industrial e energética dos BRICS, a ser realizado na Rússia. Em maio de 2015 foi realizado o primeiro encontro oficial sobre eficiência energética e está previsto para o final de 2015 o primeiro encontro de Ministros de Energia dos BRICS. Os governos fazem um apelo ao setor empresarial dos cinco países para estudem as possibilidades de cooperação neste campo.
 

Produção de dados estatísticos: os organismos de estatística dos BRICS estabelecerão uma cooperação a fim de cooperar com as Nações Unidas na construção e monitoramento dos indicadores da Agenda Pós-2015.
 

Incremento do Turismo: os governos se comprometem a trabalhar na construção de uma estratégia de longo prazo para aumentar o turismo intra-BRICS.
 

Trabalho: foi decidida a realização da primeira Cúpula de Ministros do Trabalho, prevista para janeiro-fevereiro de 2016, na Rússia. O foco deve ser a criação de empregos decentes e a troca de informações sobre o mercado de trabalho. Pela primeira vez, o Fórum Sindical (atualmente em sua IV edição) aparece mencionado na Declaração Final e no Plano de Ação dos BRICS. As centrais sindicais foram convidadas a participar da Cúpula de Ministros no próximo ano.
 

População e Demografia: os desafios populacionais e sua relação com o desenvolvimento econômico dos BRICS devem continuar a ser abordados em reunião na Rússia, em novembro de 2015. Os países reiteram seus compromissos com a Agenda dos BRICS para Cooperação em Temas Populacionais para 2015-2020, acordada em Brasília, em fevereiro de 2015.
 

Migrações: os governos reconhecem a natureza transnacional do fenômeno migratório e acordam que durante a presidência russa será realizado o primeiro encontro ministerial sobre Migrações dos BRICS.
 

Saúde: o documento reafirma o reconhecimento ao direito de toda pessoa ao acesso a serviços de saúde do mais alto padrão possível, sem distinção de qualquer natureza, para si ou para sua família. Os países se comprometem a aprofundar a cooperação intra-BRICS e dos BRICS com as Nações Unidas no sentido de prevenir e combater doenças transmissíveis, como, por exemplo, o vírus do Ebola.
 

Ciência e Tecnologia: após a realização do segundo encontro Ministerial sobre Ciência, tecnologia e inovação em março de 2015, em Brasília, os BRICS assinaram o Memorando de Entendimento sobre Cooperação em Ciência, tecnologia e inovação. Os governos reafirmam a intenção de promover a Iniciativa dos BRICS sobre Pesquisa e Tecnologia.
 

Educação: no campo da educação os países reconhecem a importância dos programas de qualificação e treinamento profissionalizante para ajudar os jovens na entrada no mercado de trabalho. A mobilidade estudantil nos BRICS será estimulada e haverá um esforço de troca de experiências sobre formas de validação de diplomas universitários entre os países. Os governos saúdam as iniciativas independentes de criação de uma rede universitária dos BRICS.
 

Cultura: a dimensão cultural deve ser abordada com maior ênfase nos BRICS após a assinatura do Acordo sobre Cooperação no Campo da Cultura, visando expandir a cooperação nos campos da cultura e das artes, a promoção do diálogo intercultural e a aproximação dos povos e culturas.
 

Agenda Pós-2015: os BRICS reafirmam o seu compromisso com uma agenda ambiciosa a ser adotada pela ONU em setembro de 2015. Defesa explícita do princípio das Responsabilidades Comuns, mas Diferenciadas. No que diz respeito às negociações sobre Financiamento para o Desenvolvimento, a declaração cobra dos países desenvolvidos que cumpram com o seu compromisso de Ajuda Oficial ao Desenvolvimento.
 

Cooperação: há planos para a realização de um encontro de alto nível entre os responsáveis de cada país para a Cooperação ao Desenvolvimento. Os BRICS continuarão fomentando a cooperação Sul-Sul, ressaltando entretanto que esta não é um substituto á cooperação Norte-Sul.
 

Clima: os BRICS enfatizam a questão da transferência de tecnologia e conhecimento como um dos principais resultados esperados para as negociações do clima na Convenção Marco da ONU sobre Mudanças Climáticas. Os Ministros de meio ambiente dos BRICS se reuniram pela primeira vez este ano, em abril de 2015. Os BRICS apóiam o desenvolvimento de modelos de parcerias público-privadas (PPPs) que ajudem no combate aos desafios ambientais em cada país.
 

Parlamentos: os parlamentares dos BRICS estiveram reunidos em Moscou em junho de 2015 e deve trabalhar na harmonização de legislações que facilitem o intercâmbio comercial e de pessoas entre os países.
 

Empresariado: o Fórum Empresarial dos BRICS vem trabalhando para se remova o excesso de barreiras existentes e obstáculos ao comércio intra-BRICS. No mesmo sentido, demandam a simplificação dos vistos de negócios entre os países do bloco.
 

Think-tanks: o 7º Fórum Academico dos BRICS aconteceu em moscou neste ano, promovido pelo Conselho de think tanks, cuja principal produção tem sido o documento Estratégia de Longo Prazo para Informes dos BRICS.
 

Outros fóruns: os países saudaram a iniciativa da Presidencia russa de realizar o Forum Civil do BRICS (Civil BRICS), bem como o Fórum Sindical e o Fórum da Juventude realizado em Kazan.
 

BRICS website: será criado um site comum dos BRICS que poderá se converter em um site de um futuro secretariado do bloco.
 

Próximos encontros presidenciais: O próximo encontro de chefes de estado dos BRICS ocorrerá em paralelo à cúpula do G20, na Turquia, em novembro de 2015.  A próxima cúpula será na Índia.

Como se pode facilmente notar, a cooperação entre os BRICS vai muito além do Novo Banco de Desenvolvimento e do Acordo Contingente de Reservas, as suas duas mais comentadas iniciativas. Desde a coordenação política no plano multilateral, passando por temas como energia, tecnologia, saúde, educação, trabalho, parlamentos, desenvolvimento e cultura… os BRICS vão correndo por fora.

 

The BRICS Running a Good Race

Analysis of the results of Ufa indicates important movements in the block.

 

* By Diego Azzi, CUT International Relations Advisor and member of REBRIP

 

In sports jargon, the expression “run a good race” applies to those competitors who, although not among the favorites, discretely do a good job and end up achieving surprising success. Applied to the international political arena, this expression could well be used to analyze the BRICS.

If, on one hand, these countries cannot be considered exactly “underdogs” of international politics – due to the scope of their economies, populations, territories, productive capacities, etc. –, neither do they rank among those traditionally identified as favorites before the start of the race. What is clear is that the BRICS have been operating – discretely – in a way to achieve success that may surprise many skeptics. Their latest summit – held this month in Russia with the theme “The BRICS Partnership – a Powerful Factor for Global Development” – produced some important results that more clearly show the dimension of the advances underway.

In addition to the political declaration and action plan, it is important to highlight the fact that for the first time the BRICS adopted the “Strategy for a BRICS Economic Partnership,” or simply “The BRICS Strategy,” a medium term economic strategy (2015-2020) that translates the contents of the political statement into various concrete actions. In addition to delineating the principles of the strategic partnership between the BRICS, the document establishes 8 priority areas for cooperation: a) Trade and Investments; b) Manufacturing and Mineral Processing; c) Energy; d) Agriculture; e) Science, Technology & Innovation; f) Finance; g) Connectivity; h) Institutional Connectivity; i) Physical Connectivity; j) Connectivity between Peoples; k) Information and Communication Technologies.

The last three sessions of the strategy support the intention of the BRICS to lead in their respective regions, strengthen the international WTO regime against treaties made outside it, and act jointly within the G20.  The importance of the role of the private sector, in general, and the Business Council of the BRICS, in particular, stands out in implementing the strategy proposed by the governments.

The main themes addressed in the Final Declaration of the BRICS are summarized below.

The BRICS and multilateralism: Right from the start the declaration states that there should be greater coordination among the BRICS countries in the various multilateral forums and more joint positioning.

New institutions: Next, it mentions the fact that the New Development Bank (NDB) and the Contingency Reserve Arrangement (CRA), approved in 2014 in Fortaleza, now actually begin operation. Within the framework of the Ufa action plan, the BRICS Financial Forum and the meeting of central bank presidents also took place.

Regional influence: The BRICS continued the tradition and also held a number of parallel meetings with the Eurasian Economic Union and the Shanghai Cooperation Organization. There were various bilateral meetings with governments, primarily from the Euro-Asian region, but also from other regions, such as Iran, for example.

UN: Mention of the 70 years of the United Nations and emphasis on the importance of respect for international law as an essential element for promotion of peace and security. The long session of the Final Declaration dedicated to the United Nations contains a reaffirmation of its importance for peace and security in the world and the commitment of the BRICS to this multilateral space, but also criticized, in particular, the lack of democratization of spaces such as the Security Council, in which India, Brazil and South Africa have requested permanent seats, now with the support of Russia and China.

Global economy: The BRICS governments warn of the fact that the recovery of the global economy remains quite slow and the risks of a new crisis continue to exist. Disagreements in relation to non-conventional monetary practices on the part of the advanced economies should be expressed during the next G20 meeting to be presided over by China after the 2015 summit in Turkey. The BRICS again express their deep disappointment with the lack of implementation of the IMF reform package approved in 2010. Although the current problems in restructuring sovereign debt are referenced, there is no specific mention of the case of Greece or negotiations with the Troika. The BRICS decided to continue discussing and expanding the option to use national currencies in intra-BRIC transactions.

Global trade: The governments defend the WTO as the multinational forum to regulate global trade, which should provide the legal framework of reference for any bilateral, regional or international accords. There are advances in implementation of a reference framework for promoting intra-BRICS e-commerce. It was decided to hold an annual meeting of the export credit agencies of the five countries.

Taxation: Taxes should be charged where economic activities take place and where value is created. Concern with the impact of tax evasion on the tax base of the countries and, consequently, on their ability to provide public services.

Terrorism: Reaffirmation of their condemnation of all forms of terrorism. Defense of the UN as the main mechanism to fight and prevent terrorism in the world and a commitment to continue contributing financially to the UN task force to fight money laundering and the financing of terrorism.

Drugs: In 2015, the BRICS held two meetings of high authorities in the fight against drugs. The block states that it will seek convergence for operation in the special session of the UN General Assembly on the global drug problem in 2016.

Corruption: Decision to create a working group among the BRICS for anti-corruption cooperation and defense of the operation of the UN Conference on States Parties on Corruption, November 2-6, in Saint Petersburg.

Organized crime and maritime piracy: Organized crime should become a long term priority on the United Nations agenda. Maritime piracy represents a threat to security and development.

Space exploration: Reaffirmation that space exploration should be promoted only for peaceful purposes. The BRICS should expand their coordination and cooperation in the development and application of space technologies; navigation satellites (including GLONASS and Beidou); and space science in general.

The Internet and Information and Communication Technologies (ICT): Creation of a working group on Information and Communication Technologies. Support for inclusion of themes related to ICTs in the Post-2015 Agenda negotiating process and defense of greater access to ICTs to empower women and more vulnerable groups to achieve the objectives of the Post-2015 Agenda. Defense of the role of the United Nations in regulating the Internet, to ensure that it is secure, open, non-fragmented and inclusive.

Natural and social disasters: The first meeting of heads of agencies responsible for managing disasters will take place in 2016 in Saint Petersburg.

Political conflicts in the world: The declaration took a position on various current conflicts (the majority in Africa), such as the crisis in Syria, chronic instability in Iraq, the Israel-Palestine conflict, the Middle East as a nuclear-free zone (Israel has nuclear weapons). It further mentions Iran, Afghanistan, Ukraine, Libya, Sudan, Somalia, Mali, Congo, Burundi, the Central African Republic and the actions of the Boko Haram extremist group, mainly in Nigeria. There is no mention of conflict occurring in the Americas.

Industrialization and strengthening of the real economy: The governments argued that development of the real sector of the economy becomes a particularly significant factor at times when the financial system is unstable and prices of the main commodities are volatile. Measures are being taken to increase production and export of high value-added consumer goods in the BRICS. The countries agreed that they will establish greater cooperation to promote investment in railways, roads, ports and airports.

Agriculture: Coordinated action of the BRICS should also take place with more intensity with regard to the FAO, through the informal advisory group of the BRICS in Rome. The governments stated that they will intensify their cooperation in agriculture, with emphasis on agricultural technologies, innovation and adaptation of agriculture to climate change. No mention is made of the use of agricultural chemicals or transgenic seeds.

Energy: The security of industrial and energy installations should be the theme of a meeting of heads of BRICS industrial and energy security regulatory agencies, to be held in Russia. In May 2015, the first official meeting on energy efficiency was held and the first meeting of BRICS energy ministers is planned for the end of 2015. The governments appealed to the business sector of the five countries to study the possibility of cooperating in this field.

Production of statistical data: The statistical bodies of the BRICS will establish cooperation in order to support the United Nations in creating and monitoring Post-2015 Agenda indicators.

Increased Tourism: The governments committed to working to build a long-term strategy to increase intra-BRICS tourism.

Work: It was decided to hold the first Summit of Labor Ministers, planned for January-February 2016 in Russia. The focus should be on creating decent jobs and exchanging information on the labor market. For the first time, the Union Forum (currently in its 4th edition) is mentioned in the Final Declaration and the BRICS Action Plan. The union confederations were invited to participate in the Ministers Summit next year.

Population and demographics: Population challenges and their relation to the economic development of the BRICS should continue to be addressed in a meeting in Russia in November 2015. The countries reiterated their commitments to the BRICS Agenda for Cooperation on Population Matters for 2015-2020, agreed to in Brasilia in February 2015.

Migrations: The governments recognize the transnational nature of the migratory phenomenon and agree that during the Russian presidency the first BRICS ministerial meeting on migration will take place.

Health: The document restates recognition of the right of all persons to access to health services of the highest possible standard, without distinction of any nature, for themselves and for their families. The countries commit to deepening intra-BRICS cooperation and cooperation of the BRICS with the United Nations in the sense of preventing and fighting transmissible diseases, such as the Ebola virus.

Science and technology: After holding the second ministerial meeting on science, technology and innovation in March 2015, in Brasilia, the BRICS signed the Memorandum of Understanding on Cooperation in Science, Technology and Innovation. The governments reaffirmed their intention to promote the BRICS initiative on research and technology.

Education: In the field of education, the countries recognize the importance of vocational education and training programs to help young people enter the job market. Student mobility in the BRICS will be stimulated and there will be an effort to exchange experience on ways to validate university diplomas between the countries. The governments welcome independent initiatives to create a BRICS university network.

Culture: The cultural dimension should be addressed with more emphasis in the BRICS after signing of the Accord on Cooperation in the Field of Culture, aimed at expansion of cooperation in the fields of culture and the arts, promotion of intercultural dialogue and approximation of peoples and cultures.

Post-2015 Agenda: The BRICS restated their commitment to an ambitious agenda to be adopted by the UN in September 2015. Explicit defense of the principle of common, but differentiated responsibilities. With respect to negotiations on financing for development, the declaration charges the developed countries with fulfilling their commitment to official development assistance.

Cooperation: There are plans to hold a high level meeting of those responsible in each country for cooperation for development. The BRICS will continue supporting South-South cooperation, emphasizing, however, that this is not a substitute for North-South cooperation.

Climate: The BRICS emphasize the issue of technology and knowledge transfer as one of the main results expected of the climate negotiations of the UN Framework Convention on Climate Change.  The environmental ministers of the BRICS met for the first time this year, in April 2015. The BRICS support the development of public-private partnerships (PPPs) that help fight the environmental challenges of each country.

Parliaments: Members of parliament of the BRICS met in Moscow in June 2015 and should work to harmonize legislation that facilitates the commercial exchange and movement of people between the countries.

The business community: The BRICS Business Forum has been working to remove excess existing barriers and obstacles to intra-BRICS trade. In the same sense, they demand simplification of business visas between the countries of the block.

Think-tanks: The 7th Academic Forum of the BRICS took place in Moscow this year, promoted by the Think Tanks Council, whose main production has been the BRICS Long-Term Strategy for Reports document.

Other forums: The countries welcomed the initiative of the Russian presidency to hold a BRICS Civil Forum (Civil BRICS), as well as a Union Forum and a Youth Forum held in Kazan.

BRICS website: A common BRICS website will be created that can be converted into the website of a future block secretariat.

Next presidential meetings: The next meeting of BRICS heads of state will take place simultaneously with the G20 summit in Turkey, in November 2015. The next summit will be in India.

As can be easily seen, cooperation between the BRICS goes far beyond the New Development Bank and the Contingency Reserve Arrangement, its two most commented on initiatives. From political coordination at the multilateral level, to issues such as energy, technology, health, education, work, parliaments, development and culture… the BRICS are running a good race.


 

Tags :

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *